terça-feira, 16 de junho de 2015

Discurso de ódio, violência e mídia (artigo em jornal)

Em meio ao lançamento e as criticas do #humanizarede, um canal que recebe denuncias sobre violações de Direitos Humanos nas redes sociais, me senti compelida a escrever sobre o tema. Que nada mais é que o reflexo e uma sociedade que tende a aprender a como usar seu direito a comunicação.
Grafite em Brasília/Brasil. Foto: Alice Campos
Cada indivíduo é reflexo da sua história pessoal, das experiências, das construções objetivas e simbólicas. Somos reflexo do mundo em que vivemos e ao mesmo tempo refletimos este mundo através das nossas ações e reproduções diárias e dos interesses que possuímos em casa situação.
Comunicamo-nos como componentes de um mundo cuja lógica permite a propagação de tudo, desde de que não seja condenado pela lei ou jugado pelos dogmas sociais. Ou mesmo burlando as condicionantes da legalidade subscrevendo a comunicação no contexto do anonimato.
Inseridos no mundo de comunicação virtual, convergente, interativa, o ser humano passou a expor também seus sentimentos e opiniões. O uso dos meios como catalizadores, inclusive, de seus ideais sociais, políticos, econômicos e amorosos.
Somando isto a condição que nos permite as novas tecnologias da informação e da comunicação, permitimos o municiamento indiscriminado do web espaço por todos os tipos de informações, imagens, opiniões. Além de abrir condições para que os usuários da rede extravasem suas expectativas e frustrações.
Durante e após as eleições gerais de 2015, no Brasil, pudemos observar bem como as redes sociais foram infestadas dos mais diversos tipos de opinião, com uma potencialização de manifestações de ódio e preconceito, direcionadas a atores sociais e mesmo a personagens que mal conhecemos.
Ao fim da eleição, o número de denúncias de sites que difundiram mensagens de ódio contra eleitores cresceram 342% em relação ao primeiro turno.
Li há algum tempo, que o jornalismo mudou, está muito melhor no que remete a cobertura da violência e da criminalidade, substituindo as imagens de sangue e cadáveres por informações mais objetivas.
Do ponto de vista jornalístico pode até ter acontecido isso, mas do ponto de vista midiático, num mundo convergente, onde os meios de comunicação tornam-se cada vez mais acessíveis a todos, estamos sujeitos a outras formas de mídias e de violências.
A violência que brota da falta de noção sobre o espaço alheio, sobre o conhecimento dos direitos do outro. Mas esse exercício equivocado do meio de comunicação tem um lado positivo, é o aprendizado. Entramos na fase que precisamos de educação para os meios, ou como se diz na Europa, Literacia para os Médias.
É a pouco e insuficiente democracia ao acesso e no uso dos meios de comunicação, que promove este reflexo de pouca experiência em reconhecer direitos e limites, seus próprios direitos e ações que podem colidir com os direitos alheios.
A colisão de direitos é natural, mas a maturidade no uso dos diversos meios de comunicação só podem ser alcançados quando alcançarmos uma verdadeira democratização das comunicações, seja no âmbito público, seja no âmbito privado.

Texto Publicado no site Brasília em Pauta em 14/04/2015 - Coluna de Opinião sobre Comunicação e Cidadania.

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